Sinto que
estava com os passos um pouco mais apressados durante os primeiros dias de
caminhada. Talvez fosse a ansiedade do início ou ainda o fato de demorar um
pouco para me desligar do cotidiano, e assim acabei indo mais rápido do que
precisava. Hoje acordei inspirada para tirar mais fotos, para olhar mais para
tudo. Apesar de sempre aproveitar o caminho com tudo que consigo perceber que
ele me oferece, hoje fui olhando todas
os pormenores com mais tranquilidade. Tirei fotos belíssimas! Parei em um
riozinho para descansar os pés, que estavam pedindo por isso, e continuei a
passos lentos. De repente um senhor italiano me parou e perguntou: essa concha
é sua? Ele havia andado alguns quilômetros com a concha que havia caído da minha
mochila e estava à procura do dono. Até então eu não havia sentido falta dela.
Maravilha receber de volta a concha que ganhei no primeiro dia, de uma
brasileira, lá em SJPP ( aliás, não a vi mais pelo caminho).
A certa
altura,me encontrei com os italianos e com a alemã, que estavam sentados em um
vilarejo, a minha espera. Na hora pensei, pra que me esperar? O caminho é de
cada um e apesar de estarmos sempre em sintonia e assim acabarmos nos
encontrando quase sempre nos mesmos locais para passar a noite, não precisavam
ter me esperado. De verdade, foi isso que pensei... Pois bem, a partir desse
encontro, continuamos a caminhar e me veio uma sensação muito ruim, de que não
conseguiria terminar a caminhada até um próximo vilarejo, onde eu pudesse
passar a noite. Gritei ao Cesare para que me esperasse e caminhasse a meu lado.
Ele, sem hesitar, ficou ao meu lado a cada passo. Chegamos a uma vila, onde não
havia albergue, porém tinha uma linda igreja e naquele momento (me lembro
certinho da hora, pois o sino tocou às 11h) nós olhamos e falamos : "vamos
entrar !!!!" Havia muita gente... Nós lá com as mochilas e suados no meio
de todos. Pensei que iria acontecer um casamento e, de repente, entram várias
crianças e o padre, pela lateral até o altar. Era a primeira comunhão delas e
as primeiras palavras ditas eram algo como a alegria de se conhecer Deus. Foi
lindo poder estar ali naquele momento. Recebi uma força nova para poder
continuar a caminhada, que não estava fácil para mim.
Finalmente,
após uma caminhada que parecia interminável, cheguei a Estella. Uma cidade bem
bonitinha com um albergue aconchegante, onde descansei o corpo e a mente. Minha
primeira bolha surgiu e continuo caminhando como pinguim. Assim estão vários
peregrinos ... Ainda bem que tenho a ajuda das fotos de lugares lindos para
olhar e desses belos momentos para
contar, esperando a dor passar !!! Ultreia :)
Os italianos e a alemã que cuidaram de mim hoje , um
pouco de descanso e os cuidados com a bolha
Um pouco de Estella
nossa Lu...amei essa postagem...firme ai q estamos firmes aqui...beijosss
ResponderExcluirFico na expectativa aguardando nova postagem!!! demais!!
ResponderExcluirQue experiência incrível. Vale cada bolha... Rsrs. Força sempre. Estamos contigo.
ResponderExcluirQue viagem emocionante! Realmente é uma experiência sem igual.....a narrativa está excelente....estou viajando junto com você (rsrsrs)...bjão e boa caminhada! Estou na torcida e aguardando as próximas postagens!!!
ResponderExcluircomeço , meio e fim, a estrada e longa mas tem um fim, vai firme, to ligado nos seus passos e na sua historia, que acontece todo dia!
ResponderExcluirNega, que emoção ver tuas fotos e ler teus relatos... tu estás cada dia mais corajosa, radiante e linda! Sucesso, amiga querida! Beijossss
ResponderExcluirLu, nem sempre comento seus posts, mas sempre leio todos! Confesso que em muitos trechos me emociono, pois me imagino nas mesmas situações. Essa da Igreja, com as crianças foi uma delas! Peço a Deus a graça de um dia poder percorrer essas estradas! Ultreia!!
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