terça-feira, 17 de junho de 2014

6ª etapa : Puente la Reina - Estella (15/06)

Sinto que estava com os passos um pouco mais apressados durante os primeiros dias de caminhada. Talvez fosse a ansiedade do início ou ainda o fato de demorar um pouco para me desligar do cotidiano, e assim acabei indo mais rápido do que precisava. Hoje acordei inspirada para tirar mais fotos, para olhar mais para tudo. Apesar de sempre aproveitar o caminho com tudo que consigo perceber que ele me oferece, hoje fui olhando  todas os pormenores com mais tranquilidade. Tirei fotos belíssimas! Parei em um riozinho para descansar os pés, que estavam pedindo por isso, e continuei a passos lentos. De repente um senhor italiano me parou e perguntou: essa concha é sua? Ele havia andado alguns quilômetros com a concha que havia caído da minha mochila e estava à procura do dono. Até então eu não havia sentido falta dela. Maravilha receber de volta a concha que ganhei no primeiro dia, de uma brasileira, lá em SJPP ( aliás, não a vi mais pelo caminho).

A certa altura,me encontrei com os italianos e com a alemã, que estavam sentados em um vilarejo, a minha espera. Na hora pensei, pra que me esperar? O caminho é de cada um e apesar de estarmos sempre em sintonia e assim acabarmos nos encontrando quase sempre nos mesmos locais para passar a noite, não precisavam ter me esperado. De verdade, foi isso que pensei... Pois bem, a partir desse encontro, continuamos a caminhar e me veio uma sensação muito ruim, de que não conseguiria terminar a caminhada até um próximo vilarejo, onde eu pudesse passar a noite. Gritei ao Cesare para que me esperasse e caminhasse a meu lado. Ele, sem hesitar, ficou ao meu lado a cada passo. Chegamos a uma vila, onde não havia albergue, porém tinha uma linda igreja e naquele momento (me lembro certinho da hora, pois o sino tocou às 11h) nós olhamos e falamos : "vamos entrar !!!!" Havia muita gente... Nós lá com as mochilas e suados no meio de todos. Pensei que iria acontecer um casamento e, de repente, entram várias crianças e o padre, pela lateral até o altar. Era a primeira comunhão delas e as primeiras palavras ditas eram algo como a alegria de se conhecer Deus. Foi lindo poder estar ali naquele momento. Recebi uma força nova para poder continuar a caminhada, que não estava fácil para mim.


Finalmente, após uma caminhada que parecia interminável, cheguei a Estella. Uma cidade bem bonitinha com um albergue aconchegante, onde descansei o corpo e a mente. Minha primeira bolha surgiu e continuo caminhando como pinguim. Assim estão vários peregrinos ... Ainda bem que tenho a ajuda das fotos de lugares lindos para olhar e desses belos momentos  para contar, esperando a dor passar !!! Ultreia :)



Os italianos e a alemã que cuidaram de mim hoje , um pouco de descanso e os cuidados com a bolha 

Um pouco de Estella













7 comentários:

  1. nossa Lu...amei essa postagem...firme ai q estamos firmes aqui...beijosss

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  2. Fico na expectativa aguardando nova postagem!!! demais!!

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  3. Que experiência incrível. Vale cada bolha... Rsrs. Força sempre. Estamos contigo.

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  4. Que viagem emocionante! Realmente é uma experiência sem igual.....a narrativa está excelente....estou viajando junto com você (rsrsrs)...bjão e boa caminhada! Estou na torcida e aguardando as próximas postagens!!!

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  5. começo , meio e fim, a estrada e longa mas tem um fim, vai firme, to ligado nos seus passos e na sua historia, que acontece todo dia!

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  6. Nega, que emoção ver tuas fotos e ler teus relatos... tu estás cada dia mais corajosa, radiante e linda! Sucesso, amiga querida! Beijossss

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  7. Lu, nem sempre comento seus posts, mas sempre leio todos! Confesso que em muitos trechos me emociono, pois me imagino nas mesmas situações. Essa da Igreja, com as crianças foi uma delas! Peço a Deus a graça de um dia poder percorrer essas estradas! Ultreia!!

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