Acordar com canto gregoriano é ótimo!
Foi assim que Sr. Miguel nos despertou pela manhã, que misturava a música ao som da
chuva.
Tomei meu café da manhã e recebi do
querido Miguel um papel azul, com
o pedido para que eu o abrisse somente em Santiago. Meia hora depois, ele já
havia mudado de ideia e a "ordem" era: 'leia aqui e em Santiago'. Não
me lembro do título do texto que ele me
entregou, mas sei que é importante e contém uma linda oração agradecendo a Deus meus passos
peregrinos. Ao me despedir do Sr. Miguel, tanto ele quanto eu choramos. Essa é a segunda vez que choro por
'fazer tchau' para alguém. A primeira foi por Fabienne.
Comecei minha caminhada, entre
montanhas, na companhia de Yasuo, um jovem japonês que está há dois meses no
caminho, tendo começado na França, bem longe da cidade francesa onde comecei. Ele já tem mais de 1.200km
percorridos. Me contou sua história, perguntou muito da minha e do Brasil e me
pediu para fazer uma entrevista comigo. Ele está sendo subsidiado por uma
companhia japonesa para escrever artigos encorajando jovens japoneses a viajarem fora do
Japão, e me disse que isso não ocorre muito em seu país.
Quando a chuva engrossou muito, chegamos a Molinaseca e
sentamos para esperar, com chá e entrevista.
A chuva melhorou e seguimos até
Ponferrada. Eu gostaria de continuar e Yasuo foi em direção ao albergue
municipal. No meio do caminho e em meio à indecisão de prosseguir ou não, me
dirigi,
também,
ao albergue. O hospitaleiro que me recebeu disse para eu ficar, pois o próximo
povoado estava a 12km dali e estava chovendo muito. A contragosto, fiquei... Queria
muito caminhar um pouco mais para chegar mais perto de Santiago.
Passei a tarde escrevendo, dei um giro
na cidade, comi, mas ainda assim não estava contente em ficar em Ponferrada.
Às 20h fui à missa em frente ao albergue e no final recebemos a bênção peregrina.
Estava saindo, e uma mulher veio
falar comigo. Marilene, brasileira, me convidou para um café que se transformou em visita à sua casa,
com petiscos e um bom vinho alemão.Ela
e seu marido, Martin, também são peregrinos e hospitaleiros
voluntários. Em meio a tanta conversa veio o convite de Martin para conhecer
Las Médulas, a maior mina a céu aberto do Império Romano.
Claro que não disse não. Topei na hora.
Assim,
marcamos de eu encontrá-los amanhã na casa deles entre 8h e 8:30h, tomarmos café juntos, visitarmos
as minas e depois eu decido se seguirei caminho para 'ficar mais perto de
Santiago'. Ultreia :)
A chuva não estragou a paisagem
Yasuo, albergue municipal e a cidade de Ponferrada