terça-feira, 15 de julho de 2014

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Etapa 33: Melide - O Pedrouzo

Continuando a contagem regressiva, hoje me propus  caminhar 35 km, para conseguir chegar ao km 0 amanhã. Acordei cedinho e comecei a jornada. Sentia algum desconforto nos pés, mas estava confiante de que conseguiria. No meio do percurso, comecei a me questionar por que estava  me esforçando tanto para atingir esse objetivo. Comecei a pensar que poderia estar atropelando as coisas, e desisti da ideia de chegar a Santiago amanhã. Parei em Arzúa para um café e, logo ao sair dessa cidade, encontrei algumas freiras. Parei  para conversar com elas e carimbar a credencial, quando elas descobriram que sou brasileira e chamaram outra freira, também brasileira. Mais um presente do caminho. Ela me encheu de ânimo e energia para chegar hoje a Predouzo e amanhã, a Santiago. Disse que com toda certeza eu conseguiria fazer o trajeto da forma que eu tinha me proposto nesses três últimos dias. Nessa mesma hora, chegou Leonardo, um senhor italiano, que conheci  há alguns dias. Ele estava certo de que chegaria somente quarta-feira a Santiago e, quando viu a injeção de ânimo que ganhei, mudou de ideia e resolveu me acompanhar para também terminar a peregrinação amanhã.Avançamos juntos até aqui. Passei 11horas do dia caminhando hoje. Consegui !!!! Amanhã não haverá texto no blog... surpresa vindo !!!! Ultreia e Suseia ;) 

Etapa 32: Ventas de Narón - Melide (13/07)

Se nada atrapalhar, estou hoje a 3 dias de chegar a Santiago de Compostela. É incrível pensar que estou, apenas, a mais ou menos 50 km de lá. Tá pertinho, mas os dias parecem não passar, tamanha a ansiedade que se forma.
É incrível pensar que já percorri mais de 700km. É mágico caminhar e ver um filme de mais de 30 dias passar em sua mente. Não digo que está sendo fácil, pois meu corpo vem sentindo o acúmulo de tantos dias numa rotina totalmente incomum como esta. Mas está sendo assim também para muitos dos peregrinos que começaram a jornada tão longe como eu, tenho certeza. Então, o negócio agora é não pensar muito no  cansaço, caminhar e aproveitar as paisagens da Galícia, porque tenho certeza de que chegar lá será gratificante.

Hoje parei em Medile, local superconhecido pelos pratos especiais com polvo. Daqui a pouco terei um jantar com amigos peregrinos e poderei dizer se os restaurantes aqui realmente fazem jus à fama que têm. Não que eu coma polvo, mas perguntarei aos peregrinos que irão experimentar !!!! Ultreia :) 

Amanhecer com muita neblina

A Galícia encantadora

"Poesia não compra sapato, mas como andar sem poesia" (Emmanuel Marinho)



domingo, 13 de julho de 2014

Etapa 31: Barbadelo - Ventas de Narón (12/07)

Dia de comemorar a profissão que escolhi, dia do engenheiro florestal. Talvez por isso não tenha sido simples coincidência, logo no começo da manhã, encontrar um senhor espanhol, nascido na Galícia (região em que estou andando agora), e  prosseguir com ele. Senhor Roberto, caminhando rapidamente, ia me explicando tudo o que sabia sobre a vegetação e a legislação florestal da região. Somente desacelerava o passo quando adentrávamos os bosques, ocasião em que dizia: "preciso apreciar esse momento". E  apreciávamos juntos. Esse trajeto, percorrido lado a lado, durou cerca de duas horas. Ele falando e eu escutando e perguntando tudo o que podia. Até agora ele não faz ideia de que estávamos conversando sobre algo que tanto me interessa não somente como 'hobbie', mas também  por ser minha área de atuação. Isso é outra coisa maravilhosa do caminho. Você não sabe e muitas vezes não lhe interessa quem as pessoas são e não as mede por isso. Aqui somos todos iguais. Peregrinos que carregam sua casa na mochila, dormem em quartos coletivos geralmente com mais de 20 pessoas, dividem o mesmo banheiro, trocam sorrisos, desejos de bom dia e 'buen camino', compartilham suas experiências, se preocupam quando veem alguém aparentando precisar de ajuda, enfim, aqui ninguém quer saber qual sua profissão, a marca de seu tênis, da sua mochila, se você está repetindo a mesma roupa ( até porque geralmente a gente só tem duas mudas de roupa).

E assim, comemorei meu dia, ganhando mais conhecimento, com um 'mateiro' por paixão, nascido e criado na região, que me deixou com um pouquinho de saudade do Brasil e do meu trabalho, porém tornou meu dia muito mais verde !!! Ultreia :) 

Nascer do Sol
O Castanho

Bosque de Robles





Etapa 30: Samos - Barbadelo (11/07)

Tenho que discordar de quem acha a parte mais bonita do caminho os Pirineus ou O Cebreiro. Para mim, a parte entre Samos e Sarria é sem dúvida a mais linda de todas e estou feliz por ter optado por essa rota. Muitas pessoas preferem a outra, que percorre quase 10 km a menos. Mas  quem gosta de natureza, não pode perder esse trecho.
Hoje passei por Sarria, ponto de partida de muitos peregrinos, pois a cidade se encontra a aproximadamente 100km de Santiago, e para se obter a compostelita ( acho que é esse o nome do "certificado" que se recebe ao chegar ao final do caminho), deve-se percorrer pelo menos 100km a pé e ainda, ter dois selos por dia na credencial. Agora o caminho está lotado de peregrinos. É legal,  você tem a oportunidade de conversar com muitas pessoas diferentes, mas é chato porque por muitas vezes não há a mesma tranquilidade enquanto se caminha.
Em Sarria, aproveitei para comprar minha passagem para chegar a Madrid daqui a uns dias e voltar ao Brasil.Também encontrei  Caterine e conheci o italiano Leonardo. A partir dai começamos a caminhar juntos e, após 4 km, eles resolveram parar, ela atraída por uma piscina e ele porque estava cansado. Eu preferi continuar e logo encontrei um cachorro e me sentei para brincar com ele. Enquanto isso comecei a pensar na piscina, no calor que fazia e comecei a me questionar  por que iria "correr" hoje se poderia aproveitar o albergue com piscina e a companhia agradável das pessoas que ali ficaram. Terminei de brincar com o cachorro e voltei.
Claro que a vontade de terminar logo o caminho permanece muito forte, mas foi bom eu parar para pensar que Santiago de Compostela continua no mesmo lugar e que o momento de prazer e descanso que tive nessa tarde, com as pessoas e o espaço que havia encontrado, eram únicos e não esperariam por mim mais adiante! Ultreia :) 

Ah a Galícia!

As paisagens daqui

Para minha alegria



sábado, 12 de julho de 2014

Etapa 29: O Cebreiro - Samos 10/07

O dia amanheceu lindo em cima da montanha. Tanto que deixei  O Cebreiro só depois das 8:30, com muito frio e um pouco de vontade de ficar, o que se mistura à ansiedade de chegar a Santiago, estando a pouquíssimos dias de terminar minha peregrinação.
Resolvi que andaria bastantinho hoje, para fazer um trajeto alternativo (com muito cuidado para não me perder) e chegar a Samos, onde está um dos monastérios mais antigos da Europa. Depois de mais de 30 km caminhando, ao fim do dia cheguei a Samos, na companhia de Caterina, novamente. Consegui meu lugar no albergue paroquial, que fica na parte de trás do monastério, com tempo para uma visita a seu interior. Logo após, assisti a uma parte do canto que eles fazem antes da missa. Atualmente vivem 15 monges nesse monastério e tive a oportunidade de conversar com um deles. Minha noite terminou com uma boa conversa com os hospitaleiros do albergue e já ficou combinado um café com um deles, o Roberto, em Madrid, quando estiver voltando para o Brasil. Ultreia :)




Obs. Tia Anna, estou sabendo que a senhora está lendo meu blog. Fico muito feliz e não se preocupe com minhas bolhas. São só bolhas, que logo saram.


Saindo pela manhã de O Cebreiro

Pelo caminho


Samus


Etapas 27 e 28: Ponferrada - Villafranca del Bierzo - O Cebreiro (08 e 09/07)

Sair de Ponferrada com a bateria carregada, depois de receber tanto carinho e atenção foi fundamental, porque durante essas duas etapas (27 e 28) caminhei aproximadamente 52km, sendo que no segundo dia, para chegar ao Cebreiro enfrentamos muita subida, pois chegamos a mais de 1.000m de altitude.
Todos falam muito sobre O Cebreiro, dizendo ser o lugar mais bonito do caminho, que é supermístico,  superespecial. Pois digo, a subida é superpuxada, mas não impossível. O caminho é lindo, mas não mais bonito que a subida aos Pirineus. Tenho que confirmar que foi o pôr do sol mais bonito que vi até agora, porém foi também o lugar mais frio no qual dormi rsrsrsrsrs O Cebreiro é um lugar com construções celtas e talvez por isso seja tão místico. É ainda o portal de entrada da Galícia.
O percurso todo vale a pena sim, mas subi com ótimas companhias, que tornaram o trajeto ainda mais  especial. Até certo ponto tive a companhia de Eva, uma espanhola de muito bom humor, que acabou de começar seu caminho em Ponferrada. Em outra parte tive ao meu lado Caterina, animadíssima "conversadora" da República Theca. Meu dia variou entre o espanhol e o inglês. Alguns dias passo sem encontrar brasileiros e a única forma de comunicação em português é através da internet ou com os textos.
Foi muito engraçado chegar ao Cebreiro ,pois não nos demos conta quando já estávamos lá. Não havia placas informando, e perguntei a um casal, que avistei logo na entrada, onde estávamos. Eles tampouco sabiam... Acho que, assim como eu, também estavam anestesiados com a energia do lugar !!!! Ultreia ;)

Saindo de Ponferrada

 Subindo O Cebreiro (entrando na Galícia)

O Cebreiro

Villafranca del Bierzo







Hotel 5 estrelas

Com direito a:
" Fui recebida com um super café da manhã por Marilene e Martin. Após longo tempo sentados à mesa desfrutando da boa conversa, seguimos de carro para as Médulas. Lugar lindo, com um grande mirante.    Além disso, é possível andar por entre uma das medulas, saindo para um outro mirante ( tentem reparar isso nas fotos). Passamos ainda por duas outras vilas, onde eles têm amigos. Na volta paramos em uma loja de esportes e eu comprei um novo casaco, pois minhas coisas não estão sendo suficientes para o frio e a chuva. Voltamos para a casa deles, almoçamos, conversamos e... Bom, eu não fui embora rsrsrsrs. À tarde fomos à Peñalba, ver a cova de São Jerônimo, no Vale do Silêncio. Peñalba é uma vila toda de pedra e o vale é magnífico.
Retornamos,à noite, para a casa deles e dormi lá! Após quase trinta dias, esta foi a primeira noite que dormi sem saco de dormir, sozinha em um quarto, sem ter que me preocupar com a carteira e o passaporte. Sensação de liberdade total!!!
Recebi tanto carinho, tanta energia boa e tantas palavras positivas, que valeu muito a pena ter escutado o senhor hospitaleiro que me disse ontem para não seguir na chuva. Valeu a pena ter ido à missa e ter somente agradecido por tudo que estava recebendo até agora, mesmo estando um pouco triste até aquele momento. Valeu a pena me permitir mais uma vez  receber as surpresas e os presentes do caminho. Esse foi um presentão :) E o único pedido que recebi foi para que eu reze e me lembre deles, pois eles somente retribuem o que o caminho lhes deu !!! Ultreia :) "


Obs. Depois do caminho, com mais calma, vou pedir para a Marilene relatar um pouquinho da história deles no Caminho de Santiago. É de arrepiar ! 

Martin e eu, Marilene e eu


Las Murias

Peñalba

Vale do Silêncio


sexta-feira, 11 de julho de 2014

Etapa 26: El Acebo - Ponferrada (06/07)

Acordar com canto gregoriano é ótimo! Foi assim que Sr. Miguel nos despertou pela manhã, que misturava a música ao som da chuva.
Tomei meu café da manhã e recebi do querido Miguel um papel azul, com o pedido para que eu o abrisse  somente em Santiago. Meia hora depois, ele já havia mudado de ideia e a "ordem" era: 'leia aqui e em Santiago'. Não me lembro do título do texto que ele me entregou, mas sei que é importante e contém uma linda oração agradecendo a Deus meus passos peregrinos. Ao me despedir do Sr. Miguel, tanto ele quanto eu choramos. Essa é a segunda vez que choro por 'fazer tchau' para alguém. A primeira foi por Fabienne.
Comecei minha caminhada, entre montanhas, na companhia de Yasuo, um jovem japonês que está há dois meses no caminho, tendo começado na França, bem longe da cidade francesa  onde comecei. Ele já tem mais de 1.200km percorridos. Me contou sua história, perguntou muito da minha e do Brasil e me pediu para fazer uma entrevista comigo. Ele está sendo subsidiado por uma companhia japonesa para escrever artigos encorajando jovens japoneses a viajarem fora do Japão, e  me disse que isso não ocorre muito em seu país.
Quando a chuva engrossou muito, chegamos a Molinaseca e sentamos para esperar, com chá e entrevista.
A chuva melhorou e seguimos até Ponferrada. Eu gostaria de continuar e Yasuo foi em direção ao albergue municipal. No meio do caminho e em meio à indecisão de prosseguir ou não, me dirigi, também, ao albergue. O hospitaleiro que me recebeu disse para eu ficar, pois o próximo povoado estava a 12km dali e estava chovendo muito. A contragosto, fiquei... Queria muito caminhar um pouco mais para chegar mais perto de Santiago.
Passei a tarde escrevendo, dei um giro na cidade, comi, mas ainda assim não estava contente em ficar em Ponferrada.
Às 20h fui à missa em frente ao albergue e no final recebemos a bênção peregrina.
Estava saindo, e uma mulher veio falar comigo. Marilene, brasileira, me convidou para um café que se transformou em visita à sua casa, com petiscos e um bom vinho alemão.Ela e  seu marido, Martin,  também são peregrinos e hospitaleiros voluntários. Em meio a tanta conversa veio o convite de Martin para conhecer Las Médulas, a maior mina a céu aberto do Império Romano.
Claro que não disse não. Topei na hora. Assim, marcamos de eu encontrá-los amanhã na casa deles entre 8h e 8:30h, tomarmos café juntos, visitarmos as minas e depois eu decido se seguirei caminho para 'ficar mais perto de Santiago'. Ultreia  :)

A chuva não estragou a paisagem

Yasuo, albergue municipal e a cidade de Ponferrada



quarta-feira, 9 de julho de 2014

Etapa 25: El Ganso - El Acebo (05/07)


Sai de El Ganso caminhando de botas porque o tempo prometia chuva. Isso não foi muito bom para minhas novas bolhas, que incomodam muito.
No entanto hoje foi um dia muito especial por várias aspectos, que valem a pena de ter as bolhas, que afinal, são somente bolhas.
Logo em Rabanal, vila à frente de onde saí, encontro uma linda barraca na rua que dizia "donaciones". Havia pedras com vários nomes escritos e também conchas feitas de barro. A barraca tinha enfeites de flores de lótus, cheiro de incenso e música indígena. Fiz minha doação, peguei uma concha de barro e entrei na lojinha de comidas logo ao lado. Quem me atendeu foi Marijorge, uma espanhola que, junto com seu marido, abriu um espaço em frente à loja, para receber peregrinos. É um espaço gramado com barracas e ali se pode dormir e comer de graça. Sentei um pouco e logo me ofereceram um delicioso chá de limão e mel, como cortesia, que degustei junto com o bolo que acabara de comprar.
Após uma prosa com ela, seu marido Fernando e dois peregrinos que estavam ali, segui meu caminho rumo à Cruz de Ferro, um símbolo muito conhecido do Caminho de Santiago, onde vários peregrinos colocam pedras, fotos, bandeiras, etc.
Trouxe do Brasil minha pedra, carinhosamente personalizada para mim, por meu amigo Luiz. Carregava ainda Santa Rita de Cássia e um terço dado por minha mãe. Tudo isso eu deixei lá! A pedra, eu joguei e não olhei mais para trás.
Segui meu caminho e a paisagem só  que melhora... Subi montanha, passei por Manjarín onde existe um albergue bem conhecido e rústico, sem energia elétrica e água. Fiz uma pequena parada para conhecer, mas não me animei a ali pernoitar rsrsrsrs Cheguei a El Acebo e me instalei no albergue paroquial, que assim como aquele de São Francisco onde já havia ficado, recebe donativo como pagamento por pernoite, jantar ( que é comunitário) e café da manhã. À noite foi uma "festa" com nosso hospitaleiro Miguel, que me recebeu como uma filha. Ultreia ;)                              





Barraca voluntária e os voluntários do caminho

As paisagens mudam

Manjarín

No albergue paroquial de El Acebo, com o querido Sr Miguel



terça-feira, 8 de julho de 2014

Etapa 24: Astorga - El Ganso (04/07)

Na maioria dos albergues você tem que sair até as 8h da manhã. No que eu estava não era diferente.
Pedi para deixar minha mochila guardada lá para poder passear pela cidade tranquilamente, até que chegasse a hora de ir ao museu.
Juanita e Arturo também acabaram ficando na cidade, com os mesmos planos que eu.
Dessa forma, fizemos a visita ao Museu Romano todos juntos. É uma visita guiada, quando andamos pela cidade e muitas vezes vamos ao subterrâneo para ver parte do que restou do que era a cidade romana de Asturo.
Logo depois  disso, pegamos nossas mochilas no albergue e pé na estrada. Ainda bem que estava com eles, pois caso contrário não teria ido muito longe. Adivinham por quê??? Pelas bolhas, claro ;) Pouco antes de chegar a El Ganso encontrei  Suzi, a alemã, e também Vincent, outro alemão, que caminhou conosco logo após a partida de Cesare.
O dia terminou com uma boa jantinha no albergue. Ultreia :)

Rota Romana

Astorga, com a catedral e palácio de Gaudí

Caminhar também é preciso, então embora pro caminho


segunda-feira, 7 de julho de 2014

Etapa 23: Hospital de Órbigo - Astorga (03/07)

Retomei meu caminho, com vontade de ficar mais um dia no Albergue Verde, mas sei que mais lugares legais podem estar à frente, então é melhor seguir adiante.
Estou com quatro bolhas novas, que adquiri anteontem, o dia em que me perdi. Duas são no calcanhar e já para colocar meu coturno senti muita dor. Para caminhar também doeu bastante e não consegui seguir mais que 13 km, parando dessa forma em Astorga. Depois de me alojar no Albergue Municipal e organizar as coisas, fui dar uma voltinha na cidade. Curta, também, porque meus pés reclamaram!!!

Durante meu jantar encontrei o casal de mexicanos, Juanita e Asturo, que sempre encontro e com quem converso pelo caminho e nos vilarejos. Eles me contaram do Museu Romano que há aqui. Porém as visitas ocorrem  somente das 11h às 17h. Resolvi que amanhã ficarei em Astorga pela manhã, para conhecer melhor a cidade, que possui ainda uma construção de Gaudí. Assim, às 11h visitarei o Museu Romano, e começarei minha caminhada à tarde. Ultreia :) 

A paisagem, devagarinho, vai mudando

Astorga, vista de longe e sua praça principal

Pessoas queridas, no caminho




domingo, 6 de julho de 2014

Dia de folga, porque ninguém é de ferro :) (02/07)

O lugar onde me hospedei ontem (Albergue Verde) é maravilhoso. É bem diferenciado dos demais  com relação a algumas regras. Não existe hora para sair. Você acorda tranquilo, toma seu café da manhã que, assim como o jantar, são refeições (vegetarianas) oferecidas pelo albergue e o pagamento é donativo, então você permanece ali quanto puder, quanto sentir vontade.
Além disso tudo, a atmosfera é tranquila, você se sente em casa.
Como desde que comecei a peregrinação (10/06) não havia tido um período maior  de descanso, resolvi ficar mais um dia em Hospital de Órbigo, nesse mesmo albergue, claro!
Aproveitei para conhecer um pouco mais da cidade e também andei um pouco de bike, que peguei emprestada .

Logo após a aula de yoga, tivemos nosso jantar, que é servido com muita alegria pelos hospitaleiros, quando eles, cantando, explicam o que teremos para refeição. A noite não acabou por aí, pois tivemos ainda um pequeno concerto de voz e violão com amigos do Mintcho, dono da  hospedaria . Dormir após a  meia -noite é raridade para um peregrino, mas eu consegui !!!! Ultreia :) 


Hospital de Órbigo e sua ponte romana

O Albergue Verde


Mintcho, Belas, eu, Andrea e Mirian ( dono e hospitaleiros) / A família brasileira, com a pequena filha de 9 anos que também fazem o caminho

Rolezinho de bike com a Índia, dog do albergue



Etapa 22: Leon - Hospital de Orbigos (01/07)


Comecei meu dia saindo de León e passando por cidades satélites. Esse trajeto é perturbador, pois logo que você acorda já caminha com muito barulho e poluição dos carros.
A aproximadamente 7km após León, existe a possibilidade de seguir por uma rota alternativa. Como uma vez eu tentei opção semelhante e fiquei perdida, por falta de sinalização, preferi a tradicional. Não adiantou muito porque eu me perdi!!!! Não tenho ideia de quanto a mais eu andei, só sei que andei muito rsrsrsrsrsrs Quando avistei um povoado, tratei de entrar e na primeira casa onde havia alguém, fui me informar. Estava em Robledo, que nada tem a ver com a rota. De pronto, o senhor que me informou, pegou seu carro e me levou de volta a ela. De verdade? Achei maravilhoso, porque estava longe demais rsrsrsrs Acho que não contei em nenhum post até agora, mas com essa de hoje, já é a terceira vez que me perco. Com isso, tenho certeza, que já andei uns bons quilômetros a mais do que eu realmente deveria ter feito :) Bom, prossegui e encontrei "los argentinos", queridos senhores que começaram o caminho no mesmo dia que eu, também pararam em Orisson (minha primeira parada antes dos Perineus), pessoas que por muitas vezes  encontro. Eles são ótimas companhias sempre. Permanecemos juntos até o final do percurso deles, que cantavam "Madalena Madalena, você é meu bem querer ...", além de mais algumas músicas conhecidas nossas. Segui adiante, até a vila de Hospital de Órbigo. Há uns dias havia recebido informações sobre um hostel ali, onde gostaria de ficar. Seguindo em direção a essa vila, fui parada por um cabeludo de bike, que vinha em direção contrária à minha, informando sobre o Albergue Verde. Era o dono do lugar onde estava planejando ficar, o Mincho. Conversamos um bocado e ele me disse que eu não estava tão longe de chegar. Ufaaaa, eu já estava lutando contra minhas forças. Aqui no albergue descobri que tinha andado ao menos 40km.
Meu dia terminou com uma boa massagem nos pés, aula de yoga e uma deliciosa janta preparada pelos hospedeiros. No meio de tudo isso, houve muito violão, conversa e chá.

Ultreia :) 


As rotas e meu caminho errado

"Los Argentinos"

Chegando ao Hospital de Órbigo

Jantinha, música e cia de uma brasileira










sábado, 5 de julho de 2014

Etapas 20 e 21: Sahagún - Reliegos- Leon (29 e 30/06)

Resolvi juntar essas etapas pois o percurso continua supermonótono, não mudando muito as paisagens, como mostram as fotos.
Mas essa monotonia tem me levado a pensar muito sobre a forma como estou  me conduzindo e a necessidade de  algumas mudanças.
Desde que decidi fazer o caminho, sabia que queria estar sozinha para poder me abrir a tudo. Mas as coisas aconteceram um pouco diferente e, logo após o primeiro dia de caminhada, encontrei pessoas maravilhosas que permaneceram comigo por vários dias. Como expliquei em algum dos textos, não andamos o tempo todos juntos, mas sabemos onde estaremos. Às vezes esperamos para ver se tudo está bem, jantamos juntos, etc etc.
No entanto, venho pensando muito sobre a minha necessidade de me desprender um pouco mais deles e de estar completamente sozinha. Uma voz interna me impulsiona e creio que o melhor que faço para mim é ouvi-la e não lutar contra. Dessa forma passei esses dois últimos dias pensando nisso e em conversar com Francesco e Suzi.
Na chegada a León, conversei com ambos. Acho que eles  ficaram surpresos, mas com certeza entenderam perfeitamente.
Eu fiquei muito feliz em ter conseguido ter essa atitude, pois para mim não é fácil pensar que corria o risco de desagradar a eles. Mas o caminho é assim,  como assim é nossa vida.  Tenho aprendido que devemos acreditar mais nos nossos sentimentos e deixar eles nos guiarem por mais momentos, pois estes podem fazer muita diferença.
Não tenho dúvidas de que daqui alguns dias me encontrarei com todos eles novamente, assim como sei que conhecerei novas pessoas. Mas deixemos o caminho me conduzir !
Ultreia :) 
Caminhos por onde andei

Esta é um pouco de Leon

Bar Elvis em Reliegos

Reencontro com Gunda e Nani, Osvaldo (um dos argentinos) 
e a felicidade ao descobrir que estou à 309 km de Santiago




sexta-feira, 4 de julho de 2014

Etapa 19: Calzadilla de la Cueza - Sahagún (28/06)

Hoje cheguei  a  Sahagún, uma importante etapa do caminho, onde completei 50% do percurso. Agora tenho a sensação de que falta muito pouco, pois o corpo já está acostumado com o esforço físico diário, a mente já está mais tranquila para receber as surpresas  que surgem  e  para controlar a ansiedade. Eu já aprendi a lidar com as bolhas (sou quase uma especialista). Enfim, tudo já está caminhando mais facilmente. Dessa forma, a sensação de estar superperto de Santiago de Compostela é muito presente.


Uma coisa interessante, que muitos peregrinos não sabem, é que aqui você pode pedir a carta peregrina dizendo que  passou pelo centro geográfico do caminho. É bem bacana, apesar de ser um papel a mais para carregar, é gostoso ter esse "certificado" :) Em meio ao jogo  Brasil x Chile, fui lá na igreja, correndinho, pra pegar o meu. E por falar em jogo, que agonia, hein! Eu, a única brasileira no bar assistindo ao jogo, com vários espanhóis que torciam para o Chile !!! Não estava achando muito engraçado isso não rsrsrsrsrs Ultreia :) 

As paisagens rotineiras

Agradável surpresa que alegra o caminho

Minha carta peregrina e a comemoração assistindo Brasil X Chile